terça-feira, 11 de março de 2008

É coisa da sua cabeça!

Por Nilton Rodrigues


Você já se sentiu um farol? Estranho fazer uma analogia tão antipoética em plena Terça- feira. Mas o que é ser um farol? Lembro daqueles clássicos filmes da cine série “Tubarão” e via incólume aquela imagem de um totem de concreto, no meio do oceano, como um monstro milenar recebendo brisa marinha desde tempos imemoriais sem desmanchar, tão seguro de si, tão imponente. Mas será que nunca ninguém imaginou se o “todo poderoso” farol não se sentiria melhor numa ensolarada Califórnia por exemplo, quietinho (farol tem opção?)? Tem dias que todos nos sentimos um farol, ou pior, os outros acham que somos faróis. E nem culpo as pessoas por acharem que somos fortalezas brutais, que podemos ficar sorrindo eternamente como um fantoche de filme de terror. Penso que todos têm “sopros” de ansiedades durante o dia, ou seja, nem devemos esperar que as pessoas encarnem o Hiro Nakamura da série Heroes e pare o tempo e entendam o que acontece com você, porque desculpe lhe informar, você não é o astro principal do mundo, ou em português bem claro, o mundo não gira ao seu redor. Mas ser um farol, ser este “Leônidas sem Esparta”, tem algumas particularidades no mínimo esquisitas. Se todos acham que você nunca cai, que nunca precisa de ajuda, automaticamente você é o “cara”, aquele que está sempre de bom humor, que tem as frases ideais para os momentos perfeitos, que você tem sempre uma piada na ponta da língua e que é o legitimo carinha de videoclipe, só falta você andar em câmera lenta com a musica do Velvet Underground ao fundo e sorrindo (qualquer semelhança com a clássica cena do Peter Parker em Homem Aranha 2, infelizmente, não é mera coincidência). E a primeira grande lei de um farol é ser acima de tudo um enorme catalisador. Mas what a hell é isso? Você nunca teve a estranha sensação de que quanto mais você quer ficar quieto no seu canto, mais as pessoas querem sua messiânica ajuda? E pior, quando seu humor “fase solo” é detectado pelas antenas dos AF (apreciadores de faróis), todo e qualquer sentimento se amplifica. Os comentários viram escárnios (um mistério, pois talvez devido a sua personalidade de ouvinte, os “AFs” se prevalecem e entendam aquilo como um comportamento mongolóide e autista, vai saber!). Quem sabe a culpa não é nossa? Numa ânsia desgraçada de querermos ser educados, talvez acabamos agindo como o carinha do videoclipe, e inconscientemente estamos sempre treinando a piadinha da vez, numa tentativa de sermos aceitos, vai saber II- A missão!
E pior ainda, quem sabe tudo isso não é paranóia da nossa cabeça, que tudo é uma beleza e ninguém tenta nos alfinetar ao menor sinal de um hematoma emocional nosso? Perceber estes “sintomas”, estes pequenos buracos na colcha de retalho que é o nosso dia a dia, nos torna mais perspicazes e nerds no melhor sentido da palavra. E quem diz que nunca passou por uma “fase solo”, e acha que está sempre de bem com deus e o mundo, pintando a vida num tom azulzinho, está usando sua porção mentirosinha.

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