sábado, 14 de junho de 2008

RESENHA: O "Incrívi" Hulk - Não me deixem com "fome"!


Por Nilton Rodrigues


Quando falamos no programa que 2008 é o ano nerd, não estávamos mentindo. Só no último mês para cá, tivemos o excepcional Homem de Ferro, Indiana Jones e esta semana, o novo filme de M.Night Shyamalan “Fim dos Tempos”, mas claro que o prato da vez é o “incrívi” Hulk.

Esqueça o subestimado filme de Ang Lee, os planos demorados, as lutas psicológicas e os enormes diálogos. Entra em cena o diretor de Carga Explosiva Loius Leterrier e junto, todo o expertise em bons filmes medíocres. Mas isto significa que o novo Rúcula é mediócre? Não, nada disso, apenas o foco de perspectiva mudou. E cá entre nós, é obvio que a recepção morna para fria do Hulk de 2003, acendeu uma sirene de alerta vermelho nos estúdios e algo precisava ser feito para agradar a audiência de garotinhos espinhentos viciados em porradaria desenfreada sem um roteiro minimamente aceitável. Mas depois de Homem de Ferro, a Marvel resolveu assumir o controle da nave cinematográfica, e conseguiu fazer um belo mix entre ação e roteiro com cérebro. Ok, tudo muito bom, tudo muito bem, mas o grande problema desta maneira de fazer filmes, é a transformação de entretenimento em indústria, numa fórmula. Ou seja, não espere (indiferente de gostos), o culhão de fazer algo diferente como fez o próprio Ang Lee.

Mas “O Incrível Hulk” podemos chamar de o “límiar antes de enjoar”, ou seja, segue a máxima “em time que está ganhando não se mexe”, tem um elenco de primeira, Edward Norton dá o tom certo de Bruce Banner, a linda Liv Tayler brilha na tela e até mesmo Blonsky, personagem de Tim Roth funciona em se tratando de vilões clichês do grande cinemão do verão americano.

As cenas no Rio de Janeiro na favela da litlle roça funcionam bem, embora os diálogos em português dos bandidões, soam como os “Chicanos” de filmes como o excelente (ironia modo on) Stalonne Cobra. Boas sacadas, como o controle dos batimentos cardíacos e da raiva através de técnicas Iogues, trazem mais veracidade ao drama de Banner. Falando em drama, êta sujeitinho que sofre, comparado a Banner, seu Madruga é o Peninha. Interessante como imagens valem mais que mil palavras, o grande trunfo de Leterrier é traduzir em cenas todo o drama humano que Ang Lee martelava em diálogos e psiquê Shakespearianas. A cena em que Banner está maltrapilho, com pés sujos e mendigando numa ruela mexicana, resume a situação indigna de um homem que possuí este “câncer verde”. Como Marvel é sacana, citações ao soro do Super soldado pipocam na tela, sem falar na Shield, deixas para futuros vilões (o Líder)e o grand finale, a presença de Tony Stark. A luta do Hulk com o Abominável, embora as técnicas de computação gráfica precisem evoluir muito, até que passem realmente veracidade em seres vivos, está brutal, selvagem e chega a dar arrepios quando Hulk chuta para o lado o corpo desacordado do vilão e grita para a noite de Nova Iorque. Realmente lembra dois Tiranossauros numa peleia braba.

Achei este novo filme do gigante esmeralda muito bacana, mas creio que o grande problema é justamente esta obrigação de abaixar as calças para a audiência, e entregar um filme nos mesmos moldes que muitos por aí, até a seqüência de acontecimentos é idêntica. Mas isso não tira a emoção de ver o golias verde destruindo tudo por aí com direito a “Hulk esmaga”, Stan Lee envenenado (?) e Lou Ferrigno falando para Edward Norton “Você é o cara”.

Mas como o papo aqui é cinema e não punhetices nerds, fico com Ang Lee.

Nota: 7,5

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