quinta-feira, 2 de abril de 2009

Rrrrrrrrrespeitável público, com vocês Eguinho, o palhaço-publicitário!

Por Nilton Rodrigues


Na época da grande crise de 1929, os circos itinerantes americanos precisavam sobreviver, para isso, recrutavam pessoas deformadas, com anomalias, monstros, freaks de todas as formas para agradar a plateia de tecnocratas gordos e principalmente encher os bolsos dos proprietários doa a quem doer no melhor estilo “mondo cannis”. No final do espetáculo, quando a plateia ia para casa regojizada com o fatídico espetáculo do diferente, no backstage, os monstros continuavam sendo exatamente o que são: monstros.
80 anos depois, pouca coisa mudou. E não estou falando da crise. Hoje, nas agências de publicidade (nem todas), o morimbundo espetáculo continua. E a maior estrela do picadeiro somos nós, os palhaços que continuam de modo cambaleante enchendo os bolsos dos 10% que possuem os 90% do PIB publicitário. Mas no fim das contas, quando as luzes se apagam, os aplausos cessam e o proprietário conta o lucro da noite fumando aquele charuto cubano que custa mais caro que o salário mínimo indiano, nós continuaremos lá, como estáticos e tristonhos palhaços.
Existe uma piada que conta: Um homem foi ao terapeuta reclamando que estava muito sozinho, que tinha problemas e não tinha com quem desabafar. O terapeuta ouviu atentamente e com um sorriso no rosto, disse: “Eu tenho uma solução para você. Chegou na cidade o circo do palhaço Pagliacci. Vá vê-lo, assim você dará boas risadas e esquecerá os problemas”. O homem, em prantos, disse: “Mas doutor, eu sou Pagliacci.”
Rufam os tambores. A cortina fecha. Risadas.
No final das contas, quem disse que a hierarquia publi-circense precisa ser horizontal? Por que não nos tornamos proprietários e fazemos deste sonho o maior espetáculo da terra? Sem pierrôs melancólicos e freaks anômalos.
Se você continua achando tudo uma palhaçada, contente-se em ser palhaço, pois em breve você será um animal mal alimentado, amestrado, pulando sobre arcos e fazendo tudo que seu dono quer. O que nos leva a pensar por que o maior prêmio de todos é um leão.

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