segunda-feira, 22 de junho de 2009

RESENHA - Loki


Por Nilton Rodrigues


Loki, o primeiro documentário produzido pelo Canal Brasil, é um registro melancólico e revolucionário da vida, obra, e quase morte do Mutante Arnaldo Baptista, o gênio absoluto da psicodelia roqueira dos anos 60.
Quando digo “revolucionário”, é o melhor adjetivo para expressar a saga épica do homem que junto com Rita Lee e seu irmão Sérgio Dias, transformou os acordes chorosos dos violões da MPB em alegria mambembe tipicamente brasileira misturada com a fúria das guitarras elétricas. Pronto, estava servida a salada criativa chamada Tropicália.
Falar de Arnaldo Baptista é discursar sobre a loucura, genialidade, drogas, amor, queda e redenção. No decorrer dos mais de 120 minutos de projeção, artistas, familiares e amigos declaram seu fascínio e ode ao nosso Syd Barret brasileiro. Entre eles estão: Lobão, Tom Zé, Sean Lennon (filho do homem), ex-integrantes dos Mutantes, entre outros. Só faltou mesmo de Rita Lee, peça importante para compreender grandes obras biográficas como o Lp que dá nome ao documentário (para quem não sabe, Arnaldo e Rita foram casados).
Arnaldo sempre foi um homem ímpar. Rapaz de fala infantilizada, instrumentista atemporal, letrista adepto de metáforas e sub leituras, mas também um homem amargurado pelo sucesso prematuro, pelo uso excessivo de LSD e pelo abandono dos palcos e de seu amor, Rita Lee.
Tocante é ver que depois de uma tentativa de suicídio, ele redescobre o amor. Lucinha, sua atual esposa e fã de desde os tempos de Mutantes, que o ajudou a voltar para a vida. De declarações de amor de Kurt Cobain à apoteose da volta dos Mutantes em 2006 com Zélia Duncan nos vocais, Loki é um favor para as mentes maravilhosas das cucas encaracoladas daqueles que trabalham com arte em sua qualquer forma e um alento para o Brasil, que ainda tem um herói vivo. Loki é avassalador e um privilégio. Faça um favor para você mesmo: Assista.
Nota: 10

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