domingo, 23 de setembro de 2007

Morte nas HQs é suicídio?


Por Nilton Rodrigues

Pois é zoneiros moodistas do carilho, esse assunto é mais polêmico que a bisexualidade da filha da gretchen (ai!). Matar um personagem clássico, querido e com décadas de mitologia nas costas é válido? Depende da massa cinzenta dos roteiristas e do saco dos leitores.
Bueno...acompanho quadrinhos por mais de duas décadas, posso dizer que a coisa degringolou de um tempo pra cá. Todo mundo sabe do retrocesso editorial da última década, causado principalmente pelas péssimas histórias, novas mídias competitivas e os famigerados "scans" (quando um bando de madafacas scaneiam o gibi e lançam na net), provavelmente esses pulhas não sabem o prazer de ler uma revista no trono hahaha. Ok, ok, detalhes escatológicos à parte, esta série de fatores combinados com a ascenção e queda da Image Comics em 1992, onde os bam-bams da indústria montaram essa editora, que claramente priorizava muito mais o espetáculo visual do que o conteúdo. Então foi aquela coisa, passou a lua de mel com os leitores... bye bye Supremacia Image.
Aí vem aqueles editores bastardos, que com a desculpa de dar uma oxigenada no mercado, faz uma salada de frutas com o passado de personagens íconicos da cultura pop.
Sempre fui da opinião de que quadrinhos não podem ser estáticos ou uma mídia petrificada por puro puritanismo barato, senão seria díficil engolir em plena era da decodificação do genoma humano, a origem do homem aranha dos anos 60, ou um superman vestido com uma indumentália de circo como era nos anos 30.
Uma exemplo de morte genial e nada calcada no interesse finançeiro editorial, foi a morte dramática e emocionante do Capitão Marvel na metade dos anos 80, que bateu as botas de uma maneira nada heróica, mas terrivelmente terrena: Câncer! Quem imaginaria que um personagem com poderes de um deus poderia dizer adeus dessa maneira tão impactante? uma homenagem ao criador do personagem (que não lembro o nome da figura), tembém morreu desta forma. Lindo, com conteúdo e dramático.
A morte do Superman em 1992, que deu uma sacudida na indústria, começou bem, com uma história que mais parecia um filme do Michael Bay, pop, porém dramático e com uma pusta adrenalina, depois degringolou com uma desculpa esfarrapada de 4 supermans, e um retorno tão complicado quanto a teoria da relatividade. Resultado? Vendas imediatas, mas depois que o leitor chupou até o bagaço, o personagem foi novamente jogado no limbo (que na minha modesta opinião, ficou lá por 12 anos, até Grant Morrison dar o seu ar da graça!).
Mais recentemente foi a vez do bandeiroso Capitão América que vestiu o paletó de madeira no desfecho da Civil War. Mas quer saber? Eu gostei, a saga foi (é) bacana, com uma premissa inteligente e polêmica, e como sou um cara que já fui um fã do cara quando era piá, depois passei a detestá-lo, queria mais que o personagem fosse pra vala mesmo. E como disse o editor chefe da Marvel Joe Quesada: "Com a morte do Capitão, os leitores começam a enxergar o verdadeiro papel dele no universo Marvel". Concordo com o cara, o Capitão era como aquele móvel na sala que você nunca deu bola, mas quando tiram ele de lá, você começa achar que algo está faltando. Era como se ele desse equilibrio a coisa toda.
Até agora tá beleza, os caras falaram que ele morreu MESMO, e a julgar pelo corpo todo aberto do Steve Rogers na mesa de autópsia, é mais pura verdade. Mas como esse mercado é uma prostituição total, daqui a pouco eles inventam que o Capitão América que morreu era um clone, um ET, ciborgue orgânico, etc...e quem fica com uma placa escrito "OTÁRIO" pendurada na testa é o leitor.
Isso que falei só de mortes, não citei outros "estupros cerebrais", como o Batman aleijado e o Aranha Clone.
Então se morte nos quadrinhos não for suicídio, que sirva para acordar do coma que é o marasmo de idéias que permeia a maioria das publicações hoje em dia. A solução meus amiguinhos, é ter bom senso, não se fechar para idéias, mas também ficar de olhos bem abertos para essas "sagas que vão redefinir para sempre o universo!". Afinal quem paga o pato é o nosso bolso.

See ya!

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