domingo, 6 de abril de 2008
Blade Runner: 10 anos depois de "Domingo Maior".
Por Nilton Rodrigues
Bença meus amigos Zoneiros. Vocês já receberam uma baforada de ar quente no maior dia frio do ano? Coisa reconfortante, não é? Tive uma sensação similar ao revisitar um dos maiores clássicos da Ficção Científica de todos os tempos: Blade Runner - O caçador de andróides.
Confesso que a última vez que vi este filme foi há uns 10 anos atrás, no famigerado "Domingo Maior" da Rede Globo, e pra variar, tinha adorado aquela coisa estranha que não sabia nomear, uma mistura de extâse e euforia, como milhões de hormônios cinematográficos explodindo, que como um adolescente em plena descoberta sexual, não conseguia achar palavras para expressar tamanho desbunde.
Bueno, sabendo da importância deste clássico pra minha coleção particular, resolvi comprar a edição tripla definitiva e conferir tudo de novo, e descobrir as particularidades que fazem deste objeto de colecionador algo tão memorável. Vou me ater apenas ao disco um: a edição final de Ridley Scott.
Primeiro, a satisfação em (re)descobrir o porque do filme ser um clássico atemporal. A direção de arte impecável, os figurinos visionários, os efeitos especiais borbulhantes de puro pioneirismo, e um astro em plena ascensão em vias de se tornar um ícone do cinema, estamos falando de Mr. Harrison Ford.
Um futuro caótico e asfixiante, com uma chuva ácida que permeia a visão absurdamente brilhante de Scott na primeira cena do filme, com uma trilha hipnótica de Vangelis, já me grita: "Viu Niltão, taí uma obra de arte daquelas que não se vê todos os dias!".
Assim como o eterno "Laranja Mecânica" conseguimos traduzir pelas entrelinhas, a razão de um filme ser brilhante, quando além de entretenimento puro (razão primária do cinema), agrega cultura que serve para levá-lo a diferentes interpretações, e servindo para diferentes campos do interesse humano, bem ao gosto do freguês: Arquitetura, Design, Psicologia, Moda, Publicidade, etc.
Em Blade Runner, todo o charme retrô de uma linguagem a lá "isaac asimov" com uma pincelada quase tímida do clássico expressionista alemão "Metropolis", com uma coisa gostosa da inocência oitentista, com suas ombreiras e computadores com um sistema DOS melhorado, torna esta "revisitação" mais interessante. Nesta nova versão, com um final diferente, muda completamente o entendimento sobre a trama, e tenta pôr um fim na velha discussão dos fãs do filme: Deckard é ou não é um replicante?
O mais bacana deste fim de domingo foi descobrir que este clássico contínua forte, revolucionário, instigante e uma eterna fonte de inspiração para todos que trabalham com arte de alguma maneira, ainda mais se pensar que Ridley Scott filmou todo o filme à noite, com angulos obliquos atrás de um estúdio da Warner Brothers, cheio de fumaça e chuva. Garra e coração, coisas que faltam nas produções atuais.
Vinte e cinco anos depois de seu lançamento original nos cinemas, o filme mostra que além de ser uma obra impecável, é um exemplo de superação, visto que em 1982, as críticas detonaram o filme, alegando que era "confuso e com uma narrativa estranha", e é claro que o filme apanhou feio nas bilhetrias daquele ano, foi espancado por uma criatura baixinha e feia: ET, de Steven Spielberg.
Para todos que chegaram até o fim deste texto, uma dica: aluguem, comprem, simplesmente vejam de alguma maneira, isso se vocês realmente gostam da sétima arte, e arte neste sentido, não é uma alegoria barata.
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