quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

RESENHA: Sepultura - A-Lex


Por Why So Serious Man


Dizer que o Sepultura já morreu já virou lenda urbana. É mais ou menos como falar que tomar banho depois de comer a pessoa morre, ou seja, todo mundo fala, mas não se justifica.

E para os falsos profetas de plantão, o Sepa está colocando nas prateleiras “A-Lex”, baseado na obra “Laranja Mecânica”de Anthony Burgess e imortalizado nas telas pelo gênio Stanley Kubrick. A bolacha segue a tradição de seu antecessor “Dante XXI”, um disco conceitual que conta as peripécias de um protagonista atormentado que apronta muitas confusões (modo sessão da tarde ON).

Se na opinião deste humilde redator, “Dante XXI” era um dos melhores discos lançados pela banda mineira, “A-Lex” é uma evolução natural, vitaminada e sem escrúpulos da obra de Alighieri.

E desculpem-me os puristas de plantão, mas falar que Igor Cavalera faz falta neste disco, é no mínimo procurar pêlo em ovo. Jean Dolabella injeta sangue novo nas baquetas, enterrando de vez a relação mais que problemática de seus integrantes.

“Moloko Mesto” é a porrada que abre o disco, com um riff aos 0:55 que vai quebrar o pescoço de muito marmanjo. Seguida por “Filthy Rot” e “We've Lost You”, primeiro single que traz todos os elementos sepultarianos da última década. Pedradas como “The Treatment” é um atestado de peso e vida da banda. Impossível destacar uma faixa, mas “Sadistic Values” tem um riff marcante que só começa a empolgar depois do terceiro minuto.”Strike”, “Paradox” reforçam a qualidade e a satisfação de ouvir que o metal em terra brasilis ainda urra.

Ouça “A-Lex” da mesma maneira que se degusta uma iguaria nobre. Descubra as nuances de um álbum que a cada audição fica mais encorpado e redondo.

O grande barato de ser uma banda veterana é reconhecermos a sua assinatura em cada nota. Andreas Kisser está lá, com sua afinação baixa e seu timbre primitivo característico, levando qualidade aos nossos ouvidos, acima de nomes e integrantes famosos.

Derrick chega ao ponto alto de sua carreira, cantando agressivo como nunca, levando um groove à música pesada como nenhuma outra banda extrema consegue. A história da música nos prova que todos os cantores negros possuem uma magia na voz, um suingue afro, que nenhuma banda de metal se atreve a mostrar. Sepultura faz.

Para quem é saudosista e espera um “Arise II”, esqueça. Das duas uma: cresça com a banda ou se lambuze com canções escritas há 20 anos atrás.

Nota: 9


OBS: Como não sou adivinho, baixei o álbum na net, mas comprarei o original quando sair. Façam o mesmo.



Um comentário:

Unknown disse...

"cresça com a banda ou se lambuze com canções escritas há 20 anos atrás."

Perfeito!!! Tudo q eu queria falar. Obrigado.