sábado, 13 de junho de 2009

RESENHA - Exterminador do Futuro: a salvação


Por Nilton Rodrigues


Exterminador do Futuro: a salvação, mais conhecido como uma linha de ônibus (T4) é estranho, muito estranho.
Continuação de uma das séries de filmes mais madafacas de todos os tempos, T4 é um amontoado de referências recicladas e deliberadamente forçadas, que no máximo causam um sorrisinho amarelo no nerd mais liberal e uma vergonha danada (com toda razão) no fã mais die hard.
Dirigido pelo fraco MCG, T4 tem um apelo estético interessante quando se resume às cenas de desolação, usando cores frias e pasteis denotando a insensibilidade e morbidez de um mundo dominado pelas máquinas. Mas quando o diretor resolve apelar pela estética a “las Panteras” com cores berrantes e cenas de ação constrangedoras que não condizem com a mitologia da série, que a coisa começa a feder. Tudo isso se deve à uma traiçoeira forma de lançar mais bonequinhos e produtos licenciados, inserindo uma gama absurda de novos exterminadores, robôs gigantes, motos, naves, e tudo mais que possa estourar seus tímpanos na sala de cinema e torrar o seu cérebro.
Nada contra criar novos elementos para enriquecer a série, mas infelizmente tudo é feito de uma forma a recriar aura do tempo em que a série ainda tinha muita lenha para queimar. As perseguições tentam gritar uma reminiscência do tempo do ótimo T2, enquanto frases clássicas e até a trilha frenética e excelente de Guns and Roses aparecem de uma forma torta, soando como uma canhestra tentativa dos produtores de dizer: “viu? Reconheceu? Apesar de um roteiro tosco ainda é Exterminador do Futuro, então não reclamem”. Ora, Sr. MCG, me dê algo a mais.
Mas o pior de tudo é que além do roteiro não levar a nenhum lugar, tentando desesperadamente criar um novo rumo a saga, o maniqueísmo dos personagens é tocante. John Connor deixou de ser um semi-deus e sábio líder da resistência para ser um cara que parece ter mal de Parkson, pois passa 90% do filme não acertando nenhum dos tiros que dá além de ser um homem inconstante que vive criando situações de perigo para sua equipe. Sam Worthington também não ajuda, a nova “máquina” do filme é isso mesmo: uma máquina de clichês. Vive falando palavras de impacto típicas dos filmes de Kickboxer do inicio dos anos 90 e sua pinta de galã rústico não engana ninguem.
Poderia falar muito mais sobre a falta de vontade do diretor de explorar os personagens em detrimento do mais do mesmo, tais como: o coronel com cicatriz no rosto, o latino excluído, o jovem rapaz que se revela um lider nato e a estúpida idéia de porongo de inserir uma criança muda que deveria servir como uma analogia à inocência em meio ao caos, mas simplesmente está ali para plagiar Alien – O Oitavo Passageiro.
Até mesmo o regular T3 que possuía um plot muito similar a T2 tem em sua essência uma soma na mitologia da série, ao contrário deste, que termina com um sentimento horrível de que veio apenas para mostrar os sensacionais avanços da tecnologia digital ( o que não se aplica ao digital Arnoldão, que parece estar com conjuntivite).
Para não dizer que o filme é o cão chupando manga de 2009, tem uma cena muito bem feita: a asfixiante cena da queda do helicóptero.
Tem uma pessoa que poderia falar “I'll be back”: James Cameron.
Nota: 4

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