segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Jogos Mortais e Lost: tão diferentes e tão iguais

Por Nilton Rodrigues


Antes de mais nada, quem estiver lendo esta resenha já deve ter visto Jogos Mortais VI, e por esta razão não vou falar sobre a trama. Bueno, tão esperado como todo dia 5 de pagamento, é assistir a um novo Jogos Mortais no cinema (pelo menos para mim). Bom, e chegamos a sua edição de número meia dúzia em 5 anos. O que dizer da sexta parte da franquia de horror mais lucrativa da história? Podemos responder a esta questão a partir de três óticas. A do fã, a do espectador gastronômico de cinema e a do crítico.
O primeiro sempre vai achar o filme um primor, tentando a toda prova achar uma argumentação plausível para a megalomaníaca fome de dinheiro das produtoras. O segundo é aquele que conhecemos bem: o moleque que vai ao cinema pra ver um filme “maneiro” e depois posta no orkut todo pimpão: “tá virando palhaçada meu, parece os filme do Jason”, claramente dando mais atenção ao número de filmes produzidos do que a sua qualidade em si. E o terceiro é aquele que precisa estar isento das duas anteriores, categoria a qual tento me incluir (embora fora destas linhas me encaixo mais no primeiro tipo).
O primeiro fato que devemos ter em mente é que Jogos Mortais deixou de ser um filme para se tornar um acontecimento, uma data especial. Sabemos que todo Halloween americano lá vem Jigsaw e sua turma aprontando muitas confusões. E se quer saber, acho isso muito legal desde que, obviamente, não tire o cérebro do espectador para bobinho. E é aí que começamos a análise com a pergunta que não quer calar: “O mundo ainda precisa de mais Jogos Mortais?”
E a resposta é um direto e caixa altístico SIM. Pode ser loucura da minha cabeça, mas comparo a série de filmes a Lost. onde os produtores precisam contar com a entrega do público para que o “jogo” textual proposto tenha sentido, que as respostas se encaixem e para que, principalmente, as fórmulas pré-determinadas da indústria do entretenimento sejam quebradas. Parece estranho falar em quebra de paradigmas da indústria, quando anualmente é lançado um novo filme nos cinemas, sempre rendendo oito a nove vezes o seu custo de produção. Mas é aí que o talento de contar histórias subverte os cofres inflados dos produtores.
Assim como em Lost, a mitologia de Jogos Mortais foi crescendo a cada episódio, acrescentando novos e mirabolantes twists à trama, e incrivelmente nunca perdendo sua qualidade (embora os detratores insistam em provar o contrário). Mas assim como sua prima televisiva, a saga foi perdendo a audiência e o interesse, o que é perfeitamente normal em se tratando da indústria (olha ela aí de novo) e o cansaço do espectador gastronômico. Mas no final das contas, ambas as séries estão aí, anualmente presenteando quem adora uma história bem contada, não interessando que tenha dez, quinze ou vinte episódios.
E é aí que Jogos Mortais cativa. mesmo depois de seis episódios, a história continua com o QI lá em cima, surpreendendo com uma trama, que mesmo com o seu principal personagem morto, eletrizante, dramática, com direito a discursos morais e moralistas, e muita violência gratuita (quem disse que não pode?).
Saw VI segue esta fórmula, mas a julgar pela bilheteria, a saga parece não agradar mais aos americanos (mas mesmo com a metade da arrecadação do longa anteror, já se pagou duplamente). Agora fica a pergunta: será que o próximo testado será o próprio Jigsaw e sua capacidade de sobreviver à baixa bilheteria? Let the game begins.
Ah, Jogos Mortais VI é muito legal.

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