quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Rambo IV é que nem a boca de Stallone: Irregular.


Por Nilton Rodrigues


Nada mais chato que crescer. Descobrir que aqueles heróis anabolizados dos filmes de ação dos anos 80 viraram velhacos e caricaturas em 36 milímetros recheados de frases de efeito, e o principal, um sentimento angustiante de intoxicação por naftalina ao revisitá-los. Mas afinal, quando se trata de Rambo, esses preciosismos devem ser deixados de lado em prol da diversão pura e simples, afinal, cinema é isso acima de tudo. Ok, munido deste sentimento, fui à pré-estréia de Rambo IV, ou apenas Rambo como é lá fora na gringa (novamente as distribuidoras nacionais precisam menosprezar a inteligência do espectador e dizer “olha, é uma continuação, viu? Por isso este quatro aí”). Stallone estava com um baita crédito depois do surpreendente “Rocky Balboa” do ano passado, um filme realmente tocante e sensível. Olha Zoneiros de uma figa, juro que tentei me divertir, mas o coquetel amargo de cenas em que o “garanhão italiano” dá uma de lobo solitário e faz um cu doce desgraçado para ajudar a trupe de uma espécie de UNICEF a entrar num país fictício em plena guerra civil para salvar vidas inocentes e outras cenas de violência desenfreada, fica uma sensação de que alguma coisa não está certa. O filme parece um remendo de diversos roteiros já escritos, inclusive o próprio Stallas disse que este tem alguns aspectos do roteiro finado de “Rambo – Holy War”, escrito pelo próprio em 2003. Quando você pensa que chega a hora do homem botar a faixa na cabeça, amarrar o coturno e enfiar a faca no coldre com a trilha de Jerry Goldsmith ao fundo, não acontece nada, o rapaz só fica reclamando que o mundo é uma merda, que não se deve confiar nessas pessoas, e outras coisas típicas de um sessentão com sérios problemas de ereção. É óbvio que a contagem de corpos aumenta a cada segundo do filme, o que torna a película mais esquisita, porque quando o pau começa pra valer, o nosso herói cheio de botox resolve pegar uma metralhadora e fazer todo o serviço de uma vez. Ah, e a morte do vilão, por mais violenta que seja, dura uns 7 segundos! E as famosas frases de efeito dos filmes anteriores? Pérolas como: Vilão pergunta: “Quem você acha que Rambo é? Deus? E o coronel responde: “Não. Deus teria piedade”. Maza Bagual!
Apenas uma frase meia boca no filme, provavelmente tirada de um disco Emo-pop do “My Chemical Romance”.
Falando do Coronel Trautman, é nessas horas que o glorioso Richard Crenna (que já vestiu o paletó de madeira) faz falta. Era ele que dava um caráter de equilíbrio ao filme, acalmava a fera. Era como o Professor Xavier tentando controlar a besta de Logan.
Rambo- First Blood foi e é excelente até hoje, mostra uma América desnorteada e revoltada encarnada no soldado Rambo que é pura fúria, com toques de política e até um “quê” de psicológica. Rambo II é diversão e puro testosterona, o filho perfeito dos filmes de ação oitentinstas. Rambo III era esse filho já na adolescência, ou seja, divertido, porém um mala. Mas Rambo IV é aquele velho que quer sair na balada e trovar as menininhas de 18 anos, mas com um pequeno detalhe: Esqueceu de como era sua melhor cantada.
Nota: 5

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