terça-feira, 27 de maio de 2008

RESENHA: Superman II - Richard Donner Cut.


Por Nilton Rodrigues



Superman – O filme de 1978 é um filmão. Definiu o gênero super-herói nos cinemas, revelou o prodígio Richard Donner após o sucesso do excepcional “A Profecia” ao mundo das grandes bilheterias, e consagrou o inesquecível Christopher Reeve como o verdadeiro e único Kryptoniano das telonas. No final da década de 70, a audiência realmente acreditou que um homem podia voar.
Com alguns exageros e um certo apelo “pump”, como um Lex Luthor mais engraçadinho, enfraquece (na minha opinião) um pouco do brilho daquela que poderia ser a maior adaptação de um super-herói para as telas. Mas como tudo tem um “porque”, o roteiro de Mario Puzo reflete a fase áurea da era de prata dos quadrinhos. Ah, tá explicado. Ponto final.
Bueno, dois anos depois, chega às telas Superman II, assinado por Richard Lester, que após alguns desacordos e burocracias madafacas substituiu Donner aos 45 do segundo tempo com mais da metade do filme pronto (para quem não sabe, Superman I e II foram filmados juntos. Ahá, pensava que “O Senhor dos Anéis” era o pioneiro na arte de economizar uns pilas?).
O filme em si, assim como um cachorro-quente morte lenta do centro, deve ser visto como sua aparência e não pelos efeitos produzidos por sua ingestão. Mas what a hell eu quero dizer com isso? Bueno, assim como um cachorro-quente do centrão, ele é bonito, mas provoca indigestão se for analisado e degustado mais calmamente. É cômico demais, americanista demais, possuía diálogos constrangedores, “furos” no roteiro e desculpas mais esfarrapadas ainda para tapá-los, como o fatídico “beijo da amnésia”. Mas tirando isso, as cenas de batalhas no meio da cidade, que hoje permeia todo clímax dos filmes de super-heróis, começaram com o último filho de Krypton numa batalha épica contra os três fugitivos da Zona Fantasma.
Mais de 25 anos depois, chega às lojas americanas a versão final do filme imaginado por Donner. Mas como eu sou um bandido dos mais madafacas e fã do azulão, não me agüentei e apelei para os Torrents.
Resultado: menos constrangedor que o original, para não dizer frustrante. Ok, Marlon Brando dá as caras, a explicação sobre a entrega da “divindade” em troca do amor mortal é mais explicadinha, e a maior parte das gracinhas foram “limpadas” da película (a desastrosa cena da ventania, onde um sorvete voa na cara de um cidadão, no maior estilo “Os Trapalhões”).
Mas mesmo assim, tudo soa estranho, e Donner apela novamente para a solução da volta no tempo, assim como em Superman I, para apagar a memória de Lois Lane. Um recurso pobre para um argumento mais pobre ainda.
Mas se isso não bastasse, quando Donner tenta consertar tudo, mais se embanana nas explicações, causando um rombo maior ainda no roteiro e lançando um ponto de interrogação enorme na cabeça do espectador: Se voltando no tempo para apagar a memória de Lois Lane, os bandidos automaticamente também regrediram no tempo voltando para a Zona Fantasma, por que diabos o azulão não fez isso antes dos desgraçados destruírem a cidade?
Se for assim, quando der uma caganeira ou um resfriado em Lois, o cara vai voltar no tempo para evitar. E mais confuso ainda é a distorção de personalidade impressa pelo próprio Donner. Se no primeiro filme, Superman volta no tempo, contrariando Jor-El, por um sacrifício em nome da mortalidade e do amor, prova do messianismo tão marcante da personagem, aqui, o motivo é tão frívolo e mesquinho, que causa estranheza Clark/Superman não confiar sua personalidade secreta na própria mulher, alvo de seu sacrifício divino.
Superman II – Donner Cut, torna a experiência de assistir Superman II um pouco menos dolorosa, especialmente para um fã da personagem. Mas tirando a análise de “gente grande”, isso não implica você lembrar daquele tempo em que você colocava a toalha no pescoço e amassava latinhas de alumínio com a mão, esperando por “Superman” na Sessão da Tarde, porque isso meu amigo, isso não tem preço.
NOTA DE GENTE GRANDE: 5

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