quarta-feira, 9 de julho de 2008

Publicitários: muito índio pra pouco Pajé.

Por Nilton Rodrigues


Todo publicitário é um fim em si mesmo. Estranho dizer isso não é mesmo? Claro, eu estou às portas de me formar, trabalho na área há um belo tempo, e se fosse da “tchurminha” só levantaria a bolinha da classe.
Mas infelizmente estamos bem longe do Kansas, Dorothy! Cada dia que passa, me decepciono mais com a grande maioria dos rapazes da propaganda. Não pela essência da propaganda em si, pois essa menina sim, tenho uma paixão que está longe de ser platônica, é o meu único caso extraconjugal.
Buenas, quando digo que é “um fim em si mesmo”, é uma tristonha e semi-humorada conclusão que este amigo que é analítico por natureza tirou (se não concorda, vossa senhoria pode tomar em vosso reto).
Mas o fato é que todo ser racional pensante (olha o pleonasmo vicioso aí gente! – Mas alguns de vocês sabem que atualmente racional e pensante são belas dicotomias!) resultante do homo sapiens que já se deu ao trabalho de simplesmente calar a boca e olhar o seu macro ambiente, já pode analisar que todo publicitário é um pagodeiro.
“Mas você cheirou Errorex, Nilton?” você deve estar pensando. Mas pagodeiro é um exemplo clássico daquelas figurinhas que ao olharmos, já conseguimos rotular: tem cabelo amarelo, usa roupas modernosas em liquidação da C&A e possuem gostos musicais duvidosos.
Nossos amigos “cool” da propaganda também são tristemente rotulados (a grande maioria, nem todos, meus queridos), fazem parte da fantástica fábrica da igualdade, são tão clones quanto a ovelha Dolly, e o pior de tudo, talvez aí, exista uma mentira intrínseca à todo publicitário: um desespero quase palpável de mentir para si mesmo, sobre gostos pessoais para ser aceito no clubinho.
Todo estudante de primeiro semestre já começa a gostar de filmes underground vencedores dos festivais oriundos do leste europeu (tradução simultânea: filmes insuportáveis que ninguém entende, mas se alguém criticá-lo é tachado de “ignorante artístico”), começa a soar pedante no segundo semestre (fala sobre a matéria de capa da Meio&Mensagem de uma maneira tão superficial quanto a Luciana Gimenez filosofando sobre abduções alienígenas), compra um All Star (e o que sobra para aqueles que usam since 1986?). Na realidade somos pagodeiros que escutam a mais nova sensação do rock inglês.
E quando aquele mané sem um pingo de personalidade se forma e começa a trabalhar numa grande agência: Aí meu filho, está feito a hecatombe da hipocrisia.
Quem já foi em uma reunião com grandões da propaganda, levanta o dedo. Os trejeitos clichês, os dedinhos estalando, as nuances na voz, tudo é milimétricamente previsível.
Talvez tudo isso seja reflexo dos nossos tempos. Não vejo paixão nos olhos destes caras, não consigo imaginar eles entrando madrugada adentro falando sobre super-heróis com o melhor amigo, não consigo enxergá-los chorando dentro de uma sala de cinema. Talvez isso tudo não seja “cool” o suficiente.
Reflexo dos tempos. É, pode ser, numa época em que as pessoas trocam de pessoas, em que tudo é permissível e perecível, talvez a paixão seja coisa dos poetas (sim, aqueles manés que não estão no TOP 10 dos mais vendidos da semana).
É triste, é frustrante, é broxante. Pablo Neruda disse: “Tira-me o pão, tira-me o ar, mas não me tires o teu riso”. Esses caras esqueceram de se divertir. Ah, esqueci, é um poeta, é um fracassado...e não usa All Star.

2 comentários:

Murilo Campos disse...

bom texto !

tenho a mesma sensação rs.
sou diretor de arte, e um belo dia fui fazer uma entrevista em uma grande agencia. Depois de uma rapida conversa disse que nao tenho o perfil de criativo.

Então pedi que contasse quantas pessoas da criacao dele estavam com all star. Todos estavam com all star.

Dae mostrei meu tenis que nao é all star, e segui dizendo que agencias vivem pregando a multidisciplinidade, e pq nao aplicam ? - sou diferente do padrao de funcionario de agencia sim, e por isso penso diferente.

Nao uso all star, prefiro musica brasileira a rock, sou mais sair pra qualquer pico do que ficar nos inferninhos da augusta, e não sou aficcionado de `budgets` idiotas como iphone de 3.000 doletas e ipod de 2.000.

Hoje saiu uma pesquisa no jornal destak que mostra que o brasileiro paga 5x mais caro no ipod do que no resto do mundo.

Pretendo escrever sobre isso no meu blog.

[]'s

--
blog re'cordis
http://www.murilocampos.com/blog

Martin Flores disse...

Eu cada dia que passa mais tenho nojo de publicitários, mas principalmente dos "designers".
Pessoa que fazem curso superior para no final das contas, ficarem copiando umas as outras.
Hoje em dia o design se transformou em símbolos pré-fabricados e borboletas.
Cara vai no site do www.kibeloco.com.br e procura por "8 pecados". Aí tu vai ver como as "grandes" agências de propaganda brasileiras são "criativas".

Me perdoem pela generalização, mas tá feia a coisa.

Mto bom teu blog hein