terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ave, Loucura!

Por Nilton Rodrigues


A idéia virou uma caneta esferográfica. Útil, porém descartável. Infelizmente a matéria-prima dos aviões, da fórmula de Bhaskara, do Cinema, da boa propaganda e da literatura de Cordel está vivendo seus dias mais afro-descendentes.
A culpa nem é da mídia unilateral nem das facções dirigentes politicamente corretas com seus reis na barriga, mas sim, nossa mesmo: sonhadores que resolveram acordar mais cedo.
Lá pelos idos da Renascença, sonhar significava mudar o mundo, significava dizer que Deus é horizontal (olha nos nossos olhos) e não o medievalista que quebrava nossos pescoços e cegava nossos olhos na longitude vertical.
Hoje, aqueles que sonham nos ditos palácios das idéias, tirando os cavaleiros loiros trajados com uma armadura de QI, são cavaleiros errantes, os Dom Quixotes da Publicidade.
Nós, as criaturas de Cervantes, ainda conseguimos enxergar gigantes no lugar de moinhos e donzelas em taberneiras, afinal, assim tudo fica melhor. Mas os cavaleiros Loiros da Ordem da Estupideza continuam achando que isso é loucura e devaneio, continuam em sua busca de glórias e tesouros, saqueando e pilando.
A Publicidade vive a peste negra. Pois a grande parte desta propaganda sem vida é transmitida por ratos e infecta quem está por perto. O novo mundo da propaganda é como as Américas em seu tempo de descobrimento: muita festa e catequização barata.
Idéias estão sendo soterradas por beberrões palacianos desprovidos de loucura sã. E nós, Quixotes, continuamos a enxergar ratos como líderes.

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