sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Medo

Por Nilton Rodrigues


O medo é aquela gota gelada do chuveiro no meio de um banho quente. É uma batida grave no meio da noite ao longe que não te deixa dormir, é a anti-matéria do universo.
O medo incomoda, nos torna mortos-vivos e paralíticos mentais. É aquele diabinho que diz “Você já cresceu, é um adulto, e sonhar é coisa de criança”. Ainda lembro de noites mal dormidas da infância, quando via o sol nascer,ainda falando sobre super-heróis com o melhor amigo. Lembro da adrenalina de saber que no dia seguinte a viagem para a praia ia me presentear com namoricos de verão e me dizer que tudo o que deu errado durante o ano até que valeu a pena.
Mas por que paramos de sonhar? Por que ainda insistimos que a vida é dura e que tudo é imutável? Por causa do medo, senhoras e senhores.
Quando a madrugada da infância já se transformou na noite sem fim da vida adulta, mudar torna-se perigoso. Questionar vira um exercício sem fim de variáveis do tipo “mas se?”, “e se?”, “será que vai dar certo?”. Quando corria pela casa com uma toalha pendurada no pescoço, teorizar era coisa dos adultos chatos.
Crescer é bom, nossos prazeres multiplicam-se, experiências são conquistadas em trocas de um punhado de amadurecimento, e talvez um tantão de dor. Mas no fim das contas, nossa coragem é inversamente proporcional ao nosso tamanho.
Decisão é uma arte. E como os melhores filmes, são protagonizados por um mocinho, geralmente sozinho, que precisa definir seu futuro. Mas como a vida imita a arte, no meio da trama sempre surge alguém para dizer que o que você deve fazer é isto ou aquilo, mesmo sabendo que eles mesmos não tomariam tais decisões.
Medo é uma âncora. Te deixa preso a lugares, valores, dogmas, opiniões e pessoas que não valem absolutamente nada. Mas a Física é sabia, sempre existe uma força contrária a tudo, e ao medo também. Se você é o capitão da sua vida, talvez esteja na hora de recolher a âncora do seu navio, olhar para o horizonte e ver que do outro lado existe uma ilha muito mais bonita.
Terra à vista, meus amigos!

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