segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

RESENHA - Atividade Paranormal


Por Nilton Rodrigues


Pegue um marketing viral, um padrinho como Steven Spielberg e a audiência da geração YouTube. Receita de sucesso? Se o assunto é grana, sim. Com um orçamento medíocre de 15 mil dólares e mais de 100 milhões de dólares arrecadados só nos EUA, o filme já é um fenômeno (!).
Bom, mas vamos ao que interessa: a matemática qualidade x hype. Para começar, é impossível não relacioná-lo à Bruxa de Blair. Mas se naquela época a escalada da vindoura internet proporcionava mais mistério e desencontro de informações sobre a tal fita dos jovens desaparecidos, hoje, com a proliferação de câmeras de celulares, 3D Max e supostos vídeos paranormais na rede mundial de computadores, apaga o brilho de ineditismo para aqueles que tentam fazer de um filme de terror uma ode ao voyerismo sobrenatural. Bom, pelos menos àqueles que não fazem direito o dever de casa.
Além de Atividade Paranormal ser um filme chato em muitos aspectos, principalmente no que diz à primeira meia hora, onde o diretor tenta a todo custo imprimir uma veracidade à vida cotidiana do casal de protagonistas, que resulta numa pífia forma de fazer personagens tridimensionais. Um esforço que se dilui quando o ceticismo do personagem Micah torna-se um artifício barato para tornar a trama mais densa, já que em muitas vezes seus atos conseguem fugir à racionalidade desejada. Outro fator que chama atenção, o que paradoxalmente vai contra a proposta do filme, é a sensação de que você está assistindo a um filme de terror, com as mesmas fórmulas desgastadas do gênero, o que aqui é potencializado, pois toda cena assustadora (e algumas são realmente muito boas) se resume a portas batendo, lençol dançante e lustres balançando. Isso sem contar que o casal nunca pagou a conta de luz, já que em TODOS os momentos de tensão, ninguém se habilita em acender a luz. Sim, Sr. Diretor, veracidade é o seu mantra.
A onda de filmes "reais" trouxe ao cinema de horror o poder de sugestão, a capacidade que a platéia, até mesmo do espectador médio, tem de conjecturar a situação não mostrada. Mas o que acontece em Atividade Paranormal é uma timidez constrangedora em ter um tema tão rico em mãos e relegá-lo a duas ou três cenas assustadoras, o que convenhamos, é muito pouco.
O filme não engrena. Em momentos cruciais, o corte abrupto vem e coloca tudo a perder. Lá aparece a moçoila se lamentando no sofá na manhã seguinte. A sensação de coito interrompido é inevitável.
Atividade Paranormal chegou querendo assustar, mas é só uma fraude. Ah, REC 2, chegue logo...
NOTA: 4

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